13 horas - domingo de frio e chuva. Estou sem dormir há exatamente 36
horas... e vou aguentar até onde o corpo aguentar, não vou fechar os
olhos... não vou me entregar.
Nessa luta com o meu corpo,
certamente vou experimentar todos os limites... Tenho data marcada pra
me liberar do corpo. Eu já decidi... agora é que eu quero ver: quem
vence? A vida - que se instalou neste corpo que habito sem me pedir
licença? Ou eu - que fui possuído pela essência do ser - o eu que sou...
e que não pediu pra nascer?
O corpo sofre... claro,
mas o sofrimento dele não chega aos pés da dor da alma. Onde está quem
pode me responder... me esclarecer por que motivo eu tinha de ser? Por
que razão eu existo? A morte do corpo acaba com a alma? Sim... porque
somos mais do que carne e ossos, certamente, somos.
O
corpo vai acabar na data prevista... já falei: está com prazo de
validade estipulado, nem um dia a mais, nenhum.... paradoxo: a
minha morte marcada me mantém com vida.... vai entender....
Estava no passado... num lugar desconhecido -
uma floresta. Ouvia passos se aproximando, mas nunca chegavam até mim.
Um corda amarrada aos meus pés me puxava lentamente na direção de um
poço cheio de cobras... e eu só ouvia
srsrssssssssssssss .... cada vez mais forte, cada vez mais perto. Minhas
mãos tentavam agarrar os troncos de árvores, galhos... qualquer coisa
que evitasse a minha inevitável queda... tudo se soltava do solo com uma
facilidade sem explicação... srsrssssssssssssss
e eu dormia.... já disse, e vou repetir: tenho de parar de dormir.
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